Na ânsia de encontrar
alguém para se amar,
almas sofridas e solitárias
lançam o coração ao mar.
Na forma de caravelas
movidas ao sabor do vento
as vezes na calmaria,
outras, em meio ao tormento.
Navegam em busca do tesouro
que é um verdadeiro amor.
Mas nem sempre conseguem
e atracam no cais da ilusão e dor.
Marujos! como diria *Petrarca:
"Navegar é preciso"
Porém, se não aportam
na terra de amor prometida:
Levantem âncora e partam
continuem pelos mares a procurar,
pois o importante nessa busca:
é manter o coração a navegar!
Valter Montani
*"Navegar é preciso, viver não é preciso" [?]
No século I a.c., o general romano Pompeu, encorajava marinheiros receosos, inaugurando a frase “Navigare necesse, vivere non est necesse.”
Corria o século XIV e o poeta italiano Petrarca transformava a expressão para “Navegar é preciso, viver não é preciso.”
“Quero para mim o espírito dessa frase”, escreveu depois Fernando Pessoa, confinando o seu sentido de vida à criação.
E cantando a coragem navegante, em jeito de fado brasileiro, Caetano Veloso escreveu Os Argonautas. “Navegar é preciso, viver …” Com um fim inacabado, a música lança as interrogações.
Navegar é preciso?
Sim! Navegar é uma viagem exata. Fazia-se com bússolas e astrolábios. Hoje, faz-se com satélites, GPS’ e www’s.
Viver não é preciso?
Não! É uma viagem feita de opções, medos, forças, inseguranças, persistências, constâncias e transições …
Mais de 2000 mil anos depois, interrogamo-nos:
Viver não é preciso?
Não, quando navegar é sonhar, ousar, planear, arriscar, empreender, realizar…
Porque aí, navegar é viver!
fonte: Universidade de Coimbra - http://www.uc.pt/navegar/ |